Os autarcas da Lousã e de Coimbra dizem que sempre se mostraram disponíveis para a recalendarização do Metro Mondego, anunciada ontem pelo Ministério das Obras Públicas, mas ressalvam que a obra deve servir as populações e ser executada como prevista. O Governo garante até 2014 a conclusão do troço ferroviário entre Serpins (Lousã) e Coimbra-Portagem mas, segundo o autarca conimbricense João Paulo Barbosa de Melo "é preciso saber como vai ser feito. O importante não é ter uma linha, é preciso que seja operacional", disse ao DN. O Governo reúne-se hoje com os autarcas de Coimbra, Lousã e Miranda do Corvo para apresentar a nova recalendarização do projecto do Metro Mondego, que se encontra suspenso.

O autarca da Lousã disse que "o que interessa é que a obra sirva as populações e seja executada como foi prevista e com uma solução ferroviária". "Se não tivermos alternativa, estamos disponíveis para aceitar este novo calendário de obras, sempre com uma solução sobre carros", sublinhou Fernando Carvalho. "Este projecto tem de ser sustentável depois de construído", isto é, "construir a linha de forma a garantir passageiros, o que só pode ser garantido com o trânsito intra-urbano de Coimbra", diz ainda João Melo.

Fonte do Ministério das Obras Públicas afirmou ao DN que "o Governo sempre garantiu uma solução de mobilidade para o Mondego, nunca disse que não o fazia'^ que "foi preciso repensar o projecto, que vai sofrer uma recalendarização de acordo com as verbas disponíveis". Além disso, acrescentou, é necessário encontrar uma solução para gerir de "forma sistémica toda a mobilidade do distrito de Coimbra, ver como se cria uma autoridade para gerir globalmente os transportes".

De acordo comum documento da tutela, a que a Lusa teve acesso, a conclusão dos trabalhos em curso, o lançamento dos concursos de material circulante e equipamentos e mobiliário de estações terão como horizonte temporal o ano de 2014.

Desde o início de 2010 que estavam em curso duas empreitadas superiores a 50 milhões de euros, entre Serpins (Lousã) e Alto de São João (Coimbra), no âmbito do Sistema de Mobilidade do Mondego, que prevê a instalação de um metro ligeiro de superfície na Linha da Lousã e na cidade de Coimbra. Em Novembro, a Refer ordenou a supressão dos trabalhos relacionados com a plataforma da linha, assentamento de carris e construção da catenária, um investimento que rondaria os 13 milhões de euros.

Estas obras, que deveriam estar já concluídas, foram suspensas devido a constrangimentos financeiros resultantes da aprovação do Pacto de Estabilidade e Crescimento (PEC) III. Na sequência dos trabalhos desenvolvidos foram removidos os carris e as populações estão a ser servidas por autocarros.

MUDANÇAS
Movimento cívico mostra-se céptico

"Dados os antecedentes", o movimento cívico de Miranda do Corvo e Lousã, que tem liderado a contestação à suspensão das obras, receia que o secretário de Estado "não queira fazer nada". Mas congratula-se por o governante ter "mudado de opinião", considerando agora o projecto "prioritário e com condições para avançar", diz Jaime Ramos.

in Diário de Notícias