SAPHIR vence Prémio Nacional de Inovação Ambiental 2012

Limpeza seletiva de biomassa e bidões de água ecológicos foram os outros projectos vencedores.

O projecto SAPHIR – System for Algae-Phosphorous Interaction Rupture arrecadou o primeiro lugar da edição deste ano do Prémio Nacional de Inovação Ambiental 2012, e ficou em terceiro lugar na final internacional do EEP Award 2012 – Environmental Innovation for Europe.
O sistema, produzido pela ION Environment & Business Consulting, remove o fósforo dos reservatórios de água através de membranas de alumínio nanoporoso introduzidas em lagos, barragens, reservatórios de água vários e, inclusive, estações de tratamento de água. Cláudia Sil, CEO da Ion, explica que a criação deste sistema nasceu de “uma necessidade que observámos no mercado, faltava um produto destes”. A diferença em relação a produtos da concorrência reside no facto de se proceder à “remoção do fósforo, ou dos fosfatos que são utilizados na agricultura, por exemplo, e acabam por ser arrastados para os cursos de água, sem o recurso a produtos químicos.”
Vencer a edição nacional do prémio de Inovação Ambiental e ficar em terceiro a nível mundial “é muito bom, porque dá-nos visibilidade. Já fomos contactados por diversos interessados, que querem saber mais informações e isso é ótimo, até porque a nível do mercado nacional as coisas estão más”, remata.
O segundo lugar do Prémio Nacional de Inovação Ambiental 2012 foi atribuído à CleanBiomass, pela criação de uma ferramenta de limpeza seletiva de biomassa arbustiva, que “surgiu da necessidade de se arranjar uma solução para a limpeza de zonas florestais após incêndios, mas também para limpar os terrenos como forma de prevenção de fogos florestais”, revelou António Ramos, sócio da Clean Biomass. “Após um incêndio, os terrenos só podem ser limpos ao fim de cinco anos e, entretanto, existem inúmeros infestantes que vão surgindo e são um autêntico rastilho para incêndios. Por outro lado, verifica-se um abandono do território florestal em Portugal, com os terrenos sujos e povoados de infestantes, que importa retirar e valorizar”, explica o responsável, que continua: “Foi da necessidade de proceder à limpeza eficaz desta matéria e ao seu aproveitamento energético que surgiu esta ferramenta. Cerca de 90% a 95% dos arbustos são arrancados pela raiz, o que impede o seu ressurgimento. Os restantes voltam a crescer, mas sem atingirem grande volume. Além disso, permite escolher o que se quer arrancar, como acontece na limpeza manual dos terrenos. Infelizmente, em Portugal, a utilização de biomassa para produção de energia não é ainda uma grande aposta, o que não permite ainda que esta ferramenta seja utilizada a custo zero, para os proprietários, mas é esse o nosso objetivo.”
Bidões de água ecológicos para ciclistas foi o terceiro projeto vencedor, da autoria da Polisport, empresa especializada em produtos e acessórios para veículos de duas rodas. A criação de quatro bidões de água ecológicos surgiu de uma consciência ambiental ligada ao curto prazo de vida destes recipientes quando utilizados em provas de competição, explica Adriana Santos, coordenadora do departamento de Marketing da empresa: “Se pensarmos numa Volta a Portugal, são desperdiçados dezenas de bidões por etapa os quais, depois de vazios, são atirados para a estrada, pelos corredores, o que leva a um problema ambiental de eliminação de resíduos. Assim, criámos estes bidões que, quando descartados desta forma, têm um período de decomposição de cerca de seis meses, por serem feitos com produtos 100% biodegradáveis.”
Ruben Pedro, designer de produto da Polisport conta que, na criação destes bidões (quatro, sendo um deles feito com cortiça) houve duas questões a ponderar: “Primeiro, procurar uma matéria plástica com características semelhantes ao plástico que já usávamos mas que fosse totalmente biodegradável. A segunda questão foi a possibilidade de misturar cortiça no plástico, o que deu origem ao Corky, um bidão térmico, que prolonga a temperatura do líquido colocado no bidão. Com estes bidõesi temos duas vantagens, além de reduzirmos a utilização de combustíveis fósseis e produzirmos um recipiente biodegradável e amigo do ambiente, estamos a promover a utilização de um produto onde Portugal é um player importante, que é a cortiça.”
Por se tratar de uma empresa essencialmente exportadora, chegar ao pódio deste concurso “é muito importante porque exportamos para países onde a consciência ambiental é muito forte, principalmente na hora da compra, como é o caso da Holanda, e esta é uma mais-valia que os nossos produtos apresentam”, remata Adriana Santos.
O Prémio Nacional de Inovação Ambiental é uma iniciativa da revista Indústria e Ambiente e tem como objectivo reconhecer as entidades portuguesas que contribuem para um bom desempenho ambiental através das suas inovações.