A desaceleração “expressiva” na construção face ao ano passado eliminou “de vez qualquer esperança que ainda houvesse sobre uma melhoria” este ano, alertou a federação do sector, lembrando a queda de 58,5% nas adjudicações públicas até Julho.
“Em Julho, a produção da construção voltou a cair de um modo mais acentuado, eliminando de vez qualquer resto de esperança que ainda houvesse sobre uma melhoria do sector em 2010″, afirma a Federação Portuguesa da Indústria da Construção e Obras Públicas (FEPICOP) na análise de conjuntura de Agosto.
A federação salienta que, ao longo deste ano, “a actividade do sector tem vindo a desacelerar, de forma expressiva, face ao ano anterior”, uma tendência que, apesar de ser comum aos diversos segmentos, é “particularmente notória no segmento da engenharia civil”.
Este segmento, segundo a associação, foi “fortemente penalizado pela adopção de medidas de contenção orçamental”, pelo que o nível de actividade das empresas que se dedicam a obras de engenharia civil “deverá estar próxima do mínimo da série, que teve o seu início em Janeiro de 2000″.
A desaceleração da actividade do segmento da engenharia civil ficou a dever-se à “forte quebra registada pelas adjudicações de obras públicas (menos 58,5% em valor, durante os primeiros sete meses do ano), que tem conduzido a uma evidente redução das carteiras de encomendas das empresas e, consequentemente, no seu ritmo de actividade”, refere a FEPICOP.
Na produção de edifícios não residenciais, “a quebra da produção poderá ter ultrapassado os 13%, no trimestre terminado em Julho”.
Em queda estão também os licenciamentos, com maior redução no número de metros quadrados licenciados a ser verificada nos edifícios destinados ao comércio: 46%.
No segmento residencial, que sofreu uma quebra de cerca de 10,5% no primeiro semestre, a FEPICOP estima que se mantenha, “num horizonte temporal alargado, a actual tendência desfavorável”, devido ao actual ciclo económico recessivo, que “tem sido fortemente penalizador da actividade da construção residencial, seja por via da forte deterioração das condições económico/financeiras das famílias e do agravamento dos seus níveis de confiança, seja pelas maiores restrições impostas pelo sistema financeiro à concessão de crédito”.

Fonte: Construir